ENOLOGIA






A enologia, é uma ciência ligada ao estudo e conservação dos vinhos, desde o plantio ao engarrafamento, passando pelo estudo do solo, vindima e produção.
Até aqui, tudo bem, é uma ciência antiga e muito nobre.
Já quando se trata de provar o vinho, os praticantes desta atividade, os enólogos, revelam um lado negro e maquiavélico,  que um ignorante de vinhos nem consegue imaginar.
Isto, presumindo que um ignorante de vinhos é uma pessoa normal, que quando bebe um vinho, ou gosta, ou não gosta. Mais nada.

O enólogo, ao analisar um vinho, desenvolve uma série de rituais, compostos por, olhar seriamente para o vinho, como se este fosse um criminoso que não se quer confessar, passar o copo pelo nariz, provar sem beber (?), gargarejar de olhos fechados e outras minudências atrozes e psicologicamente nada edificantes.
Tudo isto, sempre com o mesmo ar de concentração, de quem está a fazer acupunctura a uma mosca  da banana, enquanto faz o pino em cima dum piano.
Analisa o aroma, o paladar, o corpo, a robustez,  a temperatura, a cor e a menina que encheu o copo, e por fim, com um ar circunspecto, dá um veredicto.
O vinho até respira fundo.

É uma coisa espetacular e que já deve nascer com as pessoas.
Têm o olfato e o paladar tão apurados, que podiam estar num aeroporto qualquer, a detectar drogas e a rirem no focinho dos pastores alemães da polícia, que comparados com os enólogos, são autênticos aprendizes de feiticeiro.

De qualquer maneira, deve ser muito triste para um enólogo, depois de tantas horas à volta dum vinho, a tentar perceber a sua origem, características e comportamento, saber que irão haver desavergonhados, que beberão esse mesmo vinho, sem pudor.
Um liquido tão precioso, e vem um sequioso qualquer, enfia com três copos de rajada e comenta que não estava mau, que ainda entrava mais um... assim, sem remorsos.

Parece loucura, mas é verdade, quando se vê um enólogo analisar um vinho com tanto cuidado, atenção e carinho, só comparáveis a uma dança de acasalamento entre aves exóticas, fica-se com a impressão, que aquele liquido que está ali, é sagrado, não deveria ser bebido, deveria ser encaixilhado e guardado com uma rede eletrificada à volta, para que só uma elite de entendidos, lá pudessem ir provar, sem beber, claro.

Enfim, tal como nós, as uvas não sabem para o que nascem, mas na maioria dos casos, depois de as tirarem das videiras, esmagam-nas, separam-lhes o corpo em partes, deixam-nas fermentar e sei lá o que mais, e quando as pobres das uvas atingem o estado liquido, vem o enólogo, mete-as na boca, fica a olhar para o ar à procura de inspiração e cospe-as!!! Sinceramente, isso não se faz.
É de uma má educação atroz, e custa-me ver, porque não fui educado assim.

Cá para mim, esses senhores não gostam de vinho.
O que eles querem, é dar a entender que são especiais e que percebem de um assunto intrincado, que está vedado ao mortal comum.
Nós, os ignorantes de vinhos, também percebemos algumas coisas.
Quase todos, sabemos distinguir entre brancos e tintos, alguns, entre maduros e verdes, sendo que, frescos, nem se sentem a desaparecer.
Se calhar, não somos ignorantes, temos é um espírito prático mais evidente. 
E mais sede...

É tudo, fiquem atentos às campanhas de prevenção e segurança, promovidas por enólogos de referência, baseadas no tema "Se apreciar, não beba", e entornem qualquer coisinha que vos saiba bem, mas com moderação, principalmente a partir do quarto ou quinto copo.
E não tentem levar copos à boca com as duas mãos ao mesmo tempo. 
Dizem que dá azar.
                                                                                                                                                   
C.Cruz.

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