DESCOBRIMENTOS







Quando os portugueses partiram para os descobrimentos, é óbvio que não sabiam o que iriam encontrar.
Mas mais complicada ficou a situação do resto do mundo, que foi encontrado sem pedir, e que veio a descobrir que tinha sido descoberto... pelos portugueses!!!

Custou foi começar, mas desatamos a navegar e foi um tal descobrir terras longínquas cheias de oportunidades. O jeito que isso dava agora...

Isto foi mais ou menos assim:
Chegávamos a uma terra longínqua e... "descobri-te... estavas aí escondida, não é? Mas nós estamos a ver-te". E assim sucessivamente, por tudo quanto era sitio.
E os povos, que viviam nessas terras, descobriram que nós, os portugueses, os tínhamos inventado ali naquela hora e  ficaram maravilhados, porque pensavam que já existiam, mas não.
Nós é que os descobrimos. 
E não foi nada fácil, porque os GPS dessa época eram intuitivos... ia-se para onde a intuição nos levasse e depois via-se.

No início, os descobridores oriundos da Lusa Pátria, foram bem recebidos, porque entraram com ofertas aos nativos, de tudo quanto havia em Lisboa, desde escovas de cabelo a talões de descontos e promessas de eleições.
A seguir, explicaram também aos nativos, que eles seriam muito mais felizes, se obedecessem a um Rei português e se se convertessem à fé em Deus, essa entidade suprema, que lhes tinha enviado os portugueses, para tão grandiosa missão.

Os nativos que acreditaram na nossa conversa, foram batizados.
Os outros, foram amaciados com os mais diversos mimos, em nome de Deus e do Rei, até acreditarem.
Os descobridores não tinham lá muita paciência, nem apreciavam a ideia de serem contrariados em questões de fé. Tornavam-se desagradáveis.

Com o passar do tempo e à mistura com outros europeus do mesmo campeonato, mas de barba menos rija, do que a barba Lusitana, começamos todos a traçar fronteiras e a fazer divisões, como se o planeta fosse um chocolate... "este quadradinho é para mim, aquele é para ti... e ainda bem que aparecemos, senão este mundo nem desenvolvia..." pensamos nós.

Ficamos tão satisfeitos, com o lucro das nossas proezas e gostamos tanto, dos aprazíveis climas das terras que descobrimos, que fomos ficando, com a desculpa de que ainda havia mais por fazer, que já todos se tinham habituado à ideia e que por lá o marisco era mais barato.
Isto durou uns quantos séculos, até ao dia em que o preço do marisco se tornou impraticável...

De qualquer maneira, alguém neste planeta, teria que dar novos mundos ao mundo, descobrindo-os, está claro. 
Coube-nos a nós essa alucinante e aventurosa tarefa.
Ficou dessa época, um traço marcante, nas nossas personalidades:
Para descobrir coisas fora de casa, estamos cá nós, sem medos e que não nos falte força na... alma (chamemos-lhe assim). 

Ao ver o resultado de tudo isto, quinhentos anos depois, acho que foi uma pena, não termos sabido esperar pela chegada da Internet.
Iríamos acabar por descobrir tudo numa rede social qualquer, as descobertas teriam sido muito mais pacificas, não teríamos tido cinco séculos de arrelias, teríamos, na mesma, camarão e ainda poderíamos colocar um Like no perfil dos Descobrimentos.

C.Cruz.    


 


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