PANDEMÁTICA
Mas os matemáticos também se atrevem a traçar espaços temporais, quanto à ocorrência de eventos futuros.
Eu, por mim, ficava quietinho, mas eles é que sabem.
Digo isto, porque, sempre que os matemáticos falham, acabam normalmente por arranjar uma forma de dar a volta ao assunto.
Alegam qualquer vetor aleatório, que se possa ter intrometido nas tangentes, fazendo com que estas se tivessem afastado, ou então, dão outra explicação qualquer, embrulhada numa tal complexidade, e em termos tão rebuscados e intangíveis, que ficamos como um estorninho a olhar para um paralelo.
Fazem-nos sentir ridículos na nossa ignorância, só para mostrarem que são superiormente inteligentes e fazem muita falta.
Certo é que, mesmo quando a matemática não acerta, eles encontram maneira de concluir que acertaram, alegando que, não acertar, já fazia parte do leque de possibilidades do resultado final, inserido na extraordinária fórmula que antecedeu o evento.
Pimba. Mesmo na mouche. Assim até dá gosto.
Eles já sabiam que iam acertar no desacerto e fizeram de propósito para provar que, mesmo não acertando, a fórmula estava certa, porque antevia o erro com uma precisão milimétrica.
Até dói. Chamam a isto previsões.
Assim acertam sempre e acabam por ter sempre razão.
É a política a minar a matemática.
E são sempre vistos como uns tipos de rara inteligência.
Ora meus amigos, isto não se faz às pessoas normais, é feio e parece mal.
Não temos que ser humilhados, só porque costumamos contar pelos dedos.
Assim, até eu sou capaz de prever pandemias e até não pandemias.
Prevejo o mínimo e caso não acerte, desenrasco-me da seguinte maneira:
1 - Se o que vier a acontecer for mau: explicarei que não procedi à divulgação do resultado na sua totalidade, por não querer gerar o pânico... a pandemia dispensa a histeria.
2 - Se o que vier a acontecer for bom: argumento que foi o que já tinha previsto, mas que não revelei por humildade.
Enfim, para as pessoas não pensarem que eu estava armado em bom e tal... já que ia ficar tudo bem... tranquilo.
E para provar tudo isso, apresento um quadro com uma catrefada de rabiscos à base de números e letras, tudo à molhada... e está feito.
Este método dá para pandemias, ou qualquer outra coisa boa ou má que possa ocorrer.
Um tipo assim está sempre safo e passa por ter cérebro.
Que rica profissão esta de ser matemático.
Eu assim também quero e dou dez a zero a toda a gente.
Preciso é de aprender a contar... pelo menos até dez.
Agora a sério:
A matemática dá muito jeito nesta coisa das pandemias, mas o que dava mesmo jeito agora, se não se importam, era uma vacina.
Obrigado.
C.Cruz. 04/2020
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